Recentemente, um amigo chamou a minha atenção quando troquei minha foto de perfil do Facebook. Nela, uso uma peruca longa, meio hippie, meio descabelada, com óculos escuros, boné e, de quebra, não estou sorrindo na foto. Foi quase que instantânea a reação dele que pipocou com um "que foto é essa?" No meu whatsapp (preciso falar desse aplicativo, depois. Me lembrem!) seguido de um "pare de se enfeiar".
Jelipir - rebatizado aqui por mim para preservar sua identidade original - acabou fazendo que eu me confrontasse com uma das realidades que sou inserido: a da beleza necessária. Quem seriamos nós, nas redes sociais, se não fosse essa tal beleza? Fotos de perfil, imagens de capa e tudo o mais que estão nas redes sociais acabam por criar uma imagem errada de quem somos na realidade.
Existe uma prioridade em estar bem. Falsa, porque é apenas a necessidade de mostrar que está bem. Que está curtindo um bom prato, em um bom restaurante, em boas companhias.
É quando alguém nada contra a maré. Publica uma foto sem sorrir ou com tons mais escuros. E aí, vamos a exacerbação da "preocupação". Mensagens instantâneas aparecem em série. Como se uma imagem negra fosse um pedido de socorro, uma pedido de ajuda.
O mais incrível é que, a grande maioria dos meus contatos, tem meu telefone. Meu whatsapp. Outros meios de mensagens. Pouquíssimos tiveram a dignidade de ligar para sondar se tudo estava bem. Muitos, apenas comentaram o post com um "você está bem?".
Até, eu até pensava que me abstinha desse conceito da Beleze Necessária. Quem me acompanha por outros meios que não seja o blog, conhece a minha fama de fazer careta, dar língua - muito antes de Miley Cyrus transformar isso em sua marca registrada - usar mascaras ou postar fotos horrendas criadas a partir de aplicativos do celular, sem ser uma tentativa de nadar contra a maré. É apenas para me divertir.
Contudo, parece que muita gente se irrita com isso. Como se a publicação de uma imagem que não necessariamente exacerbe o que eu tenho de bom seja uma afronta a essas pessoas. Mas eles falham em perceber que, na verdade, estou apenas me divertindo.
Contudo, não estou livre dessa necessidade de aceitação generalizada através de uma foto que mostre meus lábios carnudos, dentes brancos, sorriso perfeito, olhos sem marcas de expressão. Mas não. A Beleza Necessária é tão inebriante que, diante de uma imagem manipulada para que vc se pareça com um zumbi, um vampiro ou um lobisomem, as pessoas apenas riem para depois dizer o quanto você é bonito abaixo de toda aquela maquiagem. E eu gosto disso, também.
Embora tenha parecido uma apologia à mim mesmo, esse última parágrafo, acreditem, não é. Não vou dizer a vocês que me sinto horrível, mas estou longe de me achar a ultima bolacha do pacote ou a ultima coca-cola gelada do deserto. Meu espelho tem sido cruel comigo nos últimos anos e essas palavras dos amigos servem de afago para meu ego, já tão machucado por tantas coisas que permeiam minha vida.
(Aproveito aqui, para agradecer a cada um deles, publicamente, pelas palavras de carinho que recebo aqui, no facebook, twitter, instagram e todas as outras mídias que estou inserido.)
Enfim, a cada post que lemos ou acompanhamos, vemos a exacerbação das qualidades físicas enquanto percebe-se, a cada dia, que os defeitos são escondidos a sete chaves, nas redes que priorizam apenas o bem-estar, em detrimento da realidade da vida.
Queria ser diferente. Postei alguns textos do blog lá no Facebook. Mas não deu audiência. Então, resolvi não tentar mais aliar um e outro. O Menino blogueiro é diferente dO Menino do Facebook.
Se é assim que tem que ser, que assim seja.
No iPod: 2 Unlimited me leva de volta ao passado com Magic Friend.
No iPad: Mais um episódio assistido de As Panteras. Estou terminando a terceira temporada.