sexta-feira, 26 de abril de 2013

Não Posso Com a Noite

A noite é poderosa
Bela
Mentirosa
Hipnótica

Ardilosa e Implacável
Invejosa e Traiçoeira
Hipócrita

Na noite, somos iguais
À luz da lua,
As diferenças se esvaem
Como a água na palma da mão

Para ela, não sou nada
Nela, não sou ninguém
Sem refúgio
Sem conforto
Sem redenção

No escuro,
Meu sorriso não brilha
Meu coração não canta
Minha alma não voa

A noite se delicia
Na opressão
Na angustia
Na tristeza
Na decepção

A noite é grande
Enorme
Gigante
Quase infinita

Eu sou menor
Pequeno
Frágil
Limitado

Mas sou único
Honrado
Altivo
Consciente

Não posso com a noite
Ela é maior do que eu

Não posso com a noite
Seu canto é maior que o meu

Não posso com a noite
Seu poder sobrepuja o meu

Não posso com a noite
Não posso com a noite

Porque tenho medo
Que por mais bela que pareça,
Ela nada mais seja
Que apenas um Ponto Final

quarta-feira, 6 de março de 2013

Na contramão e/ou na direção da massificação da música

Eu tenho certeza que ando pela contramão da industria fonográfica mundial. Basta alguma coisa ser febre que me desperta o mais profundo desinteresse, principalmente se são nomes ou ritmos novos. Faço questão de não ouvir, pelo simples desprazer de não ter descoberto sozinho.

Não estou negando talentos nem qualidade, até porque não possuo conhecimento técnico suficiente para determinar o quão boa uma música é ou não.

Estou afirmando, na verdade, que o fato de alguma coisa ser massificada já me deixa enjoado para tentar aprender o novo som.

Mais ainda, quando são lançamentos relâmpagos, nos quais não se espera um música ser trabalhada direito, ja estão "enfiando" outra goela abaixo para que não esqueçamos o nome daquele DJ, daquela musa, daquela "diva".

Confesso, para desgosto e ira dos meus amigos mais próximos que não suporto Adele, odiei o penúltimo álbum da Madonna, desprezei o último e, sequer, fiz força para ir ao seu show. Shakira ficou estagnada no tempo, lá no primeiro álbum, antes de começar a chafurdar indefinidamente na lama - literalmente, todos os seus clipes ela está rebolando e se esfregando em alguma coisa gosmenta - e Lady Gaga tinha até um pouco do meu apreço antes de começar o seu desfile incauto, com o bom gosto e a elegância de um elefante branco selvagem.

Se por um lado, as atuais mídias nos proporcionam acesso direto e rápido ao novo, por outro, esse mesmo novo se torna tão descartável que é erguido ao esquecimento em pouquíssimo tempo.

Em alguns casos, mais extremos, a massificação é tão gigante que não se agüenta mais ouvir falar desse Pu daquele artista, desse ou daquele episódio envolvendo essa ou aquela diva. Se procura fama e acaba-se caindo na repetição de si mesmo - e dos outros - e no ostracismo.

E como toda regra tem exceção, as vezes me pego escutando alguma coisa que já estava nas paradas de sucesso, escutando alguma peça não tão comercial.

Foi assim que conheci, ou melhor, voltei a conhecer Florence and the Machine. Graças a uma faixa da trilha de um filme, resolvi conhecer a obra dela. E adorei.

Mas a meu vicio mais recente é a música que Scissors Sisters tem trabalhado tão bem. Com um ritmo gostoso e contagiante, deixei a música no "repeat" em meu iPod e, não contente, assisto inúmeras vezes o videoclipe.

Sejam bem vindos à massificação da música mundial. A ordem é se divertir, ouvir música, bagunçar e cantar junto.

Lets have a Kiki.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O Carnaval Não Acabou



A folia não mais toma conta das ruas. As pessoas não mais usam camisetas iguais, pulam, dançam, gritam e requebram juntas. Os acordes da guitarra baiana não mais podem ser ouvidos em praça publicas. Mas há uma certeza no ar: o Carnaval não acabou.

Calma, não estou falando da festa em si, que tem data marcada para começar e terminar. Que tem adoradores e perseguidores de todas as línguas e credos.

Falo do estado de espírito que o carnaval deixa em cada uma das pessoas que se deixaram envolver pela dança, pela música, pelo espirito folião, pela energia e pela liderança de Momo.

Esse sorriso que fica marcado em cada rosto significa a abundância de felicidade que cada um experimentou.

Essa inquietude no corpo que representa cada passo aprendido, cada pulo, cada gesto.

Essa alegria que teima em ficar e agraciar cada dia com um sorriso que não se sabe explicar.

Essas notas e tons que, vira e mexe, voltam à sua mente e enchem de saudade do coro deslumbrante das massas e das multidões.

Essa nostalgia de momentos que foram eternizados na memória e em fotos. Que nos fazem voltar no tempo e relembrar cada segundo, cada gargalhada.

Esse gingado, malandro, farrista, cadenciado, sensual, moleque e inocente - ou não - que persegue o andar do dia-a-dia na volta da cantada fantasia eterna.

Ja não há música. Ja não há divas. Ja não há carros que arrastam multidões. Mas ficou a alegria, o gosto de quero mais e a espera da nova festa. Ficou a renovação de laços de amizade e a afirmação de novos. Ficaram os abraços, os sorrisos e a risada solta.

Sai do chão, folião.
Vem ser feliz comigo!