Já era noite há algumas horas. Chander havia saido da aula de natação havia pouco tempo e rumava para casa. Estava, como sempre, de bermudão, camisa larga e chinelos, andando desapercebido do tempo, olhando as pessoas, observando os carros e ouvindo suas músicas.
Decidiu parar um pouco, antes de entrar na estação do metrô para observar o movimento de pessoas na rua. No baile, dançado ao som de buzinas e motores. Pessoas falavam dos mais variados assuntos e ele ouvia apenas pequenos trechos, tentando imaginar de onde e para onde aquelas conversas iriam.
Se pegou observando um grupo de rapazes que atravessavam a rua e, quando mais estava desligado, um deles o olhou e comentou com o outro: "Como estava cheio de VIADO lá, não?" E saiu gargalhando, junto com os outros.
Chander virou-se, tentando controlar sua raiva. Tentando manter um pingo de razão. Seu corpo permaneceu inalterado, mas sua mente já fervilhava com emoções conflitantes. Não sabia se tinha raiva de si mesmo, por ter sido descoberto entre todas aquelas pessoas, ou daquele infame, que havia cupido em sua cara uma palavra que sempre lhe soava como xingamento.
Começou a andar, observando os rapazes que riam e desciam as escadas rolantes. Seu ódio aprofundou-se tanto e, assim, desejou que o infame caisse. Desejou com tanta força que ele se desequilibrou e caiu. Escada abaixo, rolando feito fruta podre em final de feira.
Seus amigos estavam em choque, sem saber o que fazer, enquanto a fétida criatura jazia imóvel no chão.
Chander se aproximava, aos poucos, no ritmo lento da escada rolante, observando tudo com um pouco de satisfação. Chegou a esboçar um sorriso melancólico. Os amigos do famigerado ainda em choque cobriam as próprias bocas e andavam de um lado para o outro, sem nexo, sem noção.
Chander aproximou-se um pouco mais e abaixou-se. Percebeu que do fruto podre, ainda de bruços, não saía sangue e que ele estava desacordado. Segurou sua nuca e gritou para um dos amigos "Chamem o resgate, ele está vivo".
Minutos depois, já com o colar cervical colocado, o pútrido acordou. Chander estava ao seu lado. Os socorristas faziam todos os procedimentos e sabiam que sua ajuda havia sido essencial. Havia imobilizado o pescoço que o famigerado havia quebrado na queda. Sem sua ajuda, o mesmo rapaz que o havia intimidado com palavras e ações haveria morrido. Chander apenas esperava que ele abrisse os olhos levemente para sussurrar, sem pressa: "Calma. Está tudo bem. Mas você agora vai viver com a lembrança eterna de que foi um VIADO que salvou sua vida".
gente... esse CHANDER é poderoso hein? pior que a irmã Selma já que ele nem precisou rezar!
ResponderExcluirHahahaha
ResponderExcluirRindo muito do Serginho comparando ele com a irmã Selma, hahaha
E será o Chander um personagem da novela Os Mutantes? rs
pegou pesado esse Chander !!!
ResponderExcluirAmigo,
ResponderExcluirQuando será o lançamento do seu livro? Adorei!
Um beijo, Sheila
É impressão minha ou um dos seus apelidos é Chander?!?!? Adorei a narrativa tendo sido você ou não...
ResponderExcluirMUITO bom... me senti numa dos livros de André Vianco! ah, o Prefácio do seu livro é meu, ok?
ResponderExcluirAté lá, me contentarei com mais contos de Chander...huaááá (risada naquiavélica)
Esse eu já comentei via email, mas comento de novo, hehehehe!
ResponderExcluirNão é o sonho de todo gay?? A sensação de passar por uma situação dessas deve ser tãoooo boa, hehehe...
beijo!
ual..que texto gostoso de ler...muito bom...
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