quarta-feira, 28 de abril de 2010

Análise Fatídica de um Passageiro


Eu tenho feito minhas viagens por aí e fico observando as pessoas que ficam daqui pra lá e de lá pra ca. Analiso quem vem dos Estados Unidos, Chile, Argentina, França, Italia e outros tantos destinos e cheguei a conclusão que o pior passageiro é aquele que vem de Miami.

Veja bem: se o cara tivesse dinheiro e cultura, iria para a Europa, deliciar-se com os museus, cafés, alta costura e uma excelente culinária regada aos melhores vinhos do mundo.

Se o cara tem dinheiro, mas não liga tanto assim para o profundo enriquecimento cultural europeu, ele vai para Nova York deliciar-se numa das maiores cidades do mundo. Ou Vegas, a capital mundial da jogatina. Quem sabe dar uma passada em Los Angeles e ver de perto que Holywood é uma bostinha cheia de gente achando que sabe atuar. Num lapso de tempo, cai em San Diego e, lá, aventura-se em cima de uma prancha de surf.

Não!!! O cara vai é para Maiami, lar dos eletrônicos, casa dos perfumes, mansão das bugigangas, um verdadeiro Paraguai em terras do TIo Sam. Ele vai fazer sacolagem. Andar centenas de quadras todos os dias à procura das melhores ofertas. Saltar de outlet em outlet na ânsia de achar o melhor custo-beneficio para as vendas que serão feitas já em terras tupiniquins.

O cara que acha que falar inglês é fazer apologias a filmes pornos da década de 80 com seus famosos "yes"s e "no"s. E falar espanhol é só enrolar a língua, trocar os gês por érrres e colocar uma bola de ping-pong na boca.

Vamos combinar que Maiami é a mais pobre das ricas opções de viagens! Uma terra indecisa, onde não se fala inglês porque tem cubanos demais e não se fala espanhol porque (creia!) a língua oficial é o inglês.

Numa categoria ainda ruim é o brazuca que MORA LÁ. Esse, então, é de dar nojo ao caminhão de lixo. Ele faz questão absoluta de dizer em demasiado alto som que tem greeen caaaaaaard. "Não precisa de formulário. Sou residente nos EUA". E na ânsia de ser o norteamericano que não é, esquece o jeito bom de ser brasileiro.

E, pior que esse, é o que mora em Maiami e esta indo visitar a família, 2 anos depois. Primeiro, esquece o português que falou 25 anos em detrimento da língua de sua nova (e muitas vezes ilegal) cidadania. "Posso ter um jornal?", "Posso ter um travesseiro?". Para esses, que fazem questão de serem estrangeiros, eu sugiro entrar na fila de não-brasileiros no Controle de Imigração. Na hora certa, vai tomar um esporro no meio da fuça por tentar no país de nascimento como estrangeiro. Pior será porque, na falta do necessário visto, ainda vai ter que pegar a fila dos brazucas. NO FINAL DELA!

Enfim, tenho que fazer jus aos que são fieis a si mesmos. Os muambeiros de plantão. Esses são dignos de confiança e admiração. Não se escondem sob a equivocada magia do turismo. Vai pra Maiami pra fazer compras mesmo. Não desfila nas ruas cheios de sacolas porque sabem ONDE e QUANDO comprar. São leves, geniais, engraçado e não tem medo algum de dar as dicas de onde melhor comprar esse ou aquele produto. Não faz pechincha, não esfola a sola do sapato pois tem sempre um carro à mão para ajudar no transporte de mercadorias. E, como desfecho, não dão o MENOR trabalho. Esse são do meu clube; sentam no avião e dorme até o destino final. E que assim sejam para sempre, meus Abençoados Muambeiros.